Conheça Zenão de Cítio e saiba como surgiu o Estoicismo.
Para os estoicos, o mundo é perfeito. Tudo é como deveria ser, inclusive nosso lugar no mundo, onde quer que nos encontremos.
O estoicismo começou com um naufrágio. Zenão de Cítio, fundador do estoicismo, teve seu navio destruído por uma tempestade. O mercador fenício estava transportando corante púrpura de Tyrian – o corante mais caro que havia, cuidadosamente colhido de caracóis murex em sua terra natal.
Somente os muito ricos podiam tingir suas roupas de púrpura de Tyrian, e a cor em si era associada à riqueza e ao poder. No auge do império romano, apenas os imperadores podiam usar mantos roxos de Tyrian.
Zenão apareceu na costa do continente grego. Sua carga cara se dissolveu no mar de onde veio. O mercador chegou a Atenas como um homem arruinado. Teve sorte de estar vivo e a partir do trágico acidente ele foi forçado a implorar pela ajuda dos outros. Ele visitou um livreiro e ficou impressionado com as histórias de Sócrates, que desdenhava da riqueza.
Zenão perguntou ao livreiro onde poderia encontrar homens como Sócrates. Por acaso, Crates de Tebas, o grande filósofo cínico, estava passando. O livreiro apontou para Crates, que havia desistido de bom grado de todo o seu dinheiro para viver como um filósofo miserável. “Siga-o”, disse o livreiro.
Crates tomou Zenão como aluno, ele o ensinou que a paz de espírito só poderia ser alcançada se alguém controlasse seus desejos. Renunciar ao desejo de riqueza, fama, sexo e poder era viver de acordo com a natureza.
A filosofia cínica reconciliou Zenão com seu infortúnio. Viver de acordo com a natureza era correto, mas a filosofia cínica não foi longe o suficiente para Zenão. Por que devemos viver de acordo com a natureza?
Zenão logo entendeu que todas as coisas têm uma orientação essencial — oikeiôsis em grego — e que a orientação do homem é ser racional. A orientação da natureza — ou de Deus — estabelecida para a humanidade é a racionalidade, algo que nenhuma outra criatura possui.
Quando vivemos de acordo com a natureza, percebemos que nossos problemas são inevitáveis e que têm apenas uma pequena importância para o grande esquema do ser da natureza.
Aceitar isso é chegar a um estado que os estoicos chamavam de apatheia (literalmente: “sem paixões”). Tudo acontece – bom ou ruim para nós – por necessidade (porque o mundo é Deus e Deus é perfeito), e devemos aceitar isso sem sentir frustração ou raiva quando as coisas não saem do nosso jeito.
Zenão construiu uma nova filosofia no estilo cínico, acrescentando teorias de física e lógica para complementar os ensinamentos éticos básicos que aprendeu com Crates. Ele ensinou no Stoa Poikile – “Varanda Pintada” – com vista para o mercado de Atenas (Ágora). Sua escola passou a ser conhecida como Escola Estoica.
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