Memento Mori
Latim para: lembre-se de que você morrerá – é a antiga prática de reflexão sobre nossa mortalidade.
Origem
No auge do Império Romano, a maioria do público teria os olhos grudados no general vitorioso à frente – um dos pontos mais cobiçados durante a época romana. Apenas alguns notariam o ajudante nas costas, logo atrás do comandante, sussurrando em seu ouvido: “Lembre-se, você é mortal”. E que lembrete para ouvir no auge da glória e da vitória!
São lembretes como este que precisamos desesperadamente em nossas próprias vidas – um pensamento ou uma ideia que preferimos ignorar, fazer de tudo para evitar e fingir que não é verdade. Na maioria das vezes, nosso ego foge de qualquer coisa que nos lembre da realidade que está em desacordo com a narrativa confortável que construímos para nós mesmos. Ou simplesmente ficamos petrificados ao ver os fatos da vida como eles são. E há um fato simples que a maioria de nós tem medo de meditar, refletir e encarar de frente: vamos morrer. Todos ao nosso redor vão morrer.
Tais lembretes e exercícios fazem parte do Memento Mori – a antiga prática de reflexão sobre a mortalidade que remonta a Sócrates, que disse que a prática adequada da filosofia é “nada mais além de morrer e estar morto”. Nos primeiros textos budistas, um termo proeminente é maraṇasati, que se traduz como ‘lembre-se da morte’. Alguns Sufis (praticantes do sufismo) foram chamados de “pessoas das sepulturas” por causa de sua prática de frequentar cemitérios para refletir sobre a morte e a própria mortalidade.
Ao longo da história, os lembretes do Memento Mori surgiram de várias formas. Alguns, como o ajudante do general, estavam lá para serem humildes. Outros foram inventados para inspirar entusiasmo pela vida. O ensaísta Michel de Montaigne, por exemplo, gostava de um antigo costume egípcio em que, durante as festividades, um esqueleto era trazido para fora com as pessoas gritando “Beba e seja feliz porque quando você morrer, ficará assim”.
Para nós, modernos, isso soa como uma péssima ideia. Quem quer pensar na morte? Mas e se, em vez de ficarmos com medo e sem vontade de abraçar essa verdade, fizéssemos o contrário? E se refletir e meditar sobre esse fato fosse uma chave simples para viver a vida ao máximo? Ou que era a chave para nossa liberdade – como disse Montaigne: “Praticar a morte é praticar a liberdade. Um homem que aprendeu a morrer desaprendeu a ser escravo.”
A Filosofia do Memento Mori:
Lembrete de Marco Aurélio para Viver Virtuosamente:
Em suas Meditações — essencialmente seu próprio diário particular — Marco Aurélio escreveu que
“Você poderia deixar a vida agora mesmo. Deixe que isso determine o que você faz, diz e pensa.”
Esse foi um lembrete pessoal para continuar vivendo uma vida de virtude AGORA, e não esperar.
Memento Mori na Arte
O pintor francês Philippe de Champaigne expressou um sentimento semelhante em sua pintura com uma caveira, que mostrava os três elementos essenciais da existência — a tulipa (vida), a caveira (morte) e a ampulheta (tempo). A pintura original faz parte de um gênero conhecido como Vanitas, uma forma de arte do século XVII com símbolos de mortalidade que incentivam a reflexão sobre o significado e a fugacidade da vida.
Mudança de Perspectiva:
Compreendendo o propósito de meditar sobre a mortalidade:
Meditar sobre sua mortalidade só é deprimente se você perder o foco. É, na verdade, uma ferramenta para criar prioridade e significado. É uma ferramenta que gerações usaram para criar perspectiva e urgência reais. Memento Mori.
Valorizando o Tempo como um Presente:
Tratar nosso tempo como um presente e não desperdiçá-lo com coisas triviais e vãs. A morte não torna a vida sem sentido, mas sim traz propósito. E, felizmente, não precisamos quase morrer para explorar isso. Um simples lembrete pode nos aproximar de viver a vida que queremos.
A morte como um catalisador para o propósito:
Rejeitando a noção da inutilidade da vida:
Não importa quem você é ou quantas coisas você deixou de fazer, um carro pode bater em você em um cruzamento e enfiar seus dentes de volta em seu crânio. É isso. Tudo pode acabar. Hoje, amanhã, algum dia em breve. Memento Mori.
Encontrando propósito por meio da consciência da mortalidade:
Memento Mori: o estóico acha esse pensamento revigorante e humilde. Não é de surpreender que uma das biografias de Sêneca seja intitulada Morrendo Todos os Dias. Afinal, foi Sêneca quem nos incentivou a dizer a nós mesmos “Você pode não acordar amanhã” ao ir para a cama e “Você pode não dormir de novo” ao acordar, como lembretes de nossa mortalidade. Memento Mori.
Ou como outro estóico, Epicteto, aconselhou seus alunos:
“Mantenha a morte e o exílio diante de seus olhos todos os dias, junto com tudo o que parece terrível – ao fazer isso, você nunca terá um pensamento vil nem terá um desejo excessivo.”
Use esses lembretes e medite sobre eles diariamente – deixe-os ser os blocos de construção para viver sua vida ao máximo e não perder nem mais um segundo. Não se esqueça nunca de sua mortalidade.
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O que é Memento Mori?
Conteúdo
- 1 Memento Mori
- 1.1 Origem
- 1.2 A Filosofia do Memento Mori:
- 1.3 Memento Mori na Arte
- 1.4 Mudança de Perspectiva:
- 1.5 A morte como um catalisador para o propósito: